XXIX Encontro Associação Brasileira de Psicologia e Medicina Comportamental 2020

Dados do Trabalho


Título

MESA: FORMAÇAO DE SELF E PSICOTERAPIA ANALITICO-COMPORTAMENTAL COM CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Resumo geral

Skinner descreveu o self como um artificio para representar um “sistema de respostas funcionalmente unificado” (1974), uma predisposição que acompanha estados internos somente observado pelo próprio individuo, através da introspecção, desenvolvido através de contingencias verbais especiais que modelam o comportamento a auto-observação e a (1989/1991). Kohlenberg e Tsai ( 1999/2001) destacam que tal comportamento complexo seria desenvolvido em decorrência de uma história de exposição a contingências sociais que permitiria a discriminação de eventos privados e valorizasse descrições do tipo “eu X”, caso contrario, problemas variados poderiam ocorrer, como por exemplo, o estabelecimento do Eu sob controle controle de eventos públicos e não de estimulação privada. A maior parte da literatura clínica sobre questões relativas ao desenvolvimento do self analisa questões na fase adulta e não a infância e a adolescência, etapas que se configuram em momento privilegiado para a intervenção e de investigação sobre os diferentes tipos de processos de desenvolvimento de self. Os trabalhos aqui propostos visam discutir questões relativas ao self na clínica infanto-juvenil analítico-comportamental. A primeira fala, de Fátima Conte, apresentará possíveis estratégias de intervenção clínica relacionadas à problemas quanto ao desenvolvimento do self junto crianças e adolescentes. A segunda, de Jaíde Regra, discutirá o conceito frente a um caso infantil de comportamento opositor/desafiador, em que afirmações do tipo “eu x...” contrariam regras fornecidas pelos demais, sendo, ainda assim, uma forma de controle público do self. Por fim, na terceira fala, Miriam Marinotti analisará, com base em recortes de casos clínicos, variáveis que podem ser relevantes para o desenvolvimento mais adequado do self e apresentara recursos para intervenção nessa direção junto à crianças e seus familiares. Dessa forma, pretende-se contribuir para o debate sobre a compreensão e intervenção clínica relacionada ao self, na psicoterapia analítico-comportamental com crianças e adolescentes.
Palavras-chave: Self, Psicoterapia infantil; Psicoterapia com adolescentes

Resumo participante 1

RESUMO 1: A formação do Self e suas Implicações para Psicoterapia Analítico Comportamental da Criança e do Adolescente
Autor: Fátima Conte
A Análise Clínica Comportamental tem uma história de enfrentamento de grandes desafios por parte dos profissionais que nela atuam. A população que busca a ajuda dos psicoterapeutas comportamentais, para lidar com seu sofrimento psicológico, coloca-os frente a frente com uma serie questões relevantes e necessárias, obrigando-os a lidar, na prática, com comportamentos altamente complexos, sem que haja, ainda, suficiente produção de conhecimento científico a lhes indicar caminhos seguros. O Self é um desses comportamentos complexos desafiadores. Tal comportamento seria desenvolvido em paralelo ao processo de aquisição da linguagem, através de uma história de reforçamento individual, na qual contingências verbais são dispostas por um contexto social que valoriza o desenvolvimento da auto-observação e o relato de encobertos. Em um desenvolvimento “saudável” o self estaria sob controle de estimulação privada e seria somente observável através da introspecção ( Kohlenberg e Tsai , 1989/ 1991; Barnes-Holmes , Barnes-Holmes & Culliman ,2000). Problemas relacionados ao desenvolvimento do self tem sido relacionados à uma serie de transtornos de personalidade, entre outros sofrimentos humanos. Os avanços ocorridos nas últimas décadas na produção de conhecimento cientifico sobre comportamento verbal, linguagem, analise contextual, relação terapêutica, entre outros, têm permitido ao analista do comportamento levantar suposições (hipóteses) clinicas melhor sustentadas e bem como propor estratégias de intervenção mais fundamentadas para fazer frente a dificuldades relacionadas ao desenvolvimento do self e suas consequências. O presente trabalho pretende relatar intervenções realizadas junto a população infantil e adolescente, através de recortes de casos clínicos, buscando colaborar, dessa maneira , para debates sobre o desenvolvimento de intervenções clinicas analítico-comportamentais junto à essa população, no que se refere ao self.

Resumo participante 2

Resumo 2: Implicações, da análise sobre desenvolvimento do Self, nas intervenções clínicas, com crianças.
Autor: Jaide A. G. Regra
Skinner, (1953, 1957) e Barnes-Holmes , Barnes-Holmes & Culliman (2000) consideram como provável que o senso de “eu” pode ser desenvolvido como resultado da aquisição da linguagem. Barnes-Holmes, Hayes e Dymond (2001b ) descrevem os comportamentos governados por regras como divididos em: regras formularas por outros e autoregras geradas pelo próprio indivíduo. Mostram que autoregras frequentemente envolvem autoconhecimento e com isto, a construção de eventos privados. Colocam em evidência o evento privado como resultado de autoregras. Em decorrência, o autoconhecimento verbal se torna importante porque relatos verbais de seu próprio comportamento e das contingências controladoras, podem alterar as funções de ambos. As implicações clínicas para problemas do Self, analisadas por Kohlenberg, Tsai, Kanter e Parker, mostram a importância da interação terapeuta-cliente. Se o cliente se mostra extremamente preocupado com a opinião do terapeuta e omite seus sentimentos e crenças, como medo de crítica, indica uma falta de controle da experiência do Self pelo estímulo privado. Dado essas considerações, o objetivo deste trabalho é relacionar alguns problemas de comportamento da criança, na clínica, com o desenvolvimento do Self sob controle de estímulos desfavoráveis ao desenvolvimento emocional da criança. Um olhar sobre o comportamento opositor/desafiador ressalta o controle de estímulo que desencadeia o comportamento oposto à regra apresentada. Essa criança precisa da regra como referencial para emitir o comportamento oposto à regra e desta forma contínua sob controle maior do evento público.

Resumo participante 3

Resumo 3: Alguns recursos para intervenção sobre variáveis potencialmente relevantes para o desenvolvimento do self no contato direto com a criança e na orientação familiar
Autor: Miriam Marinotti
Tanto a proposta Skinneriana, quanto a FAP e a ACT, concebem o senso do self como um produto social — visto que ele depende, para seu desenvolvimento, de aprendizagens sociais possibilitadas pelo contato do indivíduo com uma comunidade verbal. Tal comunidade propicia que condições corporais privadas adquiram funções discriminativas através de contingências verbais apropriadas, um aprendizado fundamental para o desenvolvimento adequado do self. Interações verbais constituem, também, condição essencial para o desenvolvimento de repertórios de autoconhecimento relevantes para o senso de self, tais como: auto-observação e auto- descrição; consciência (estar consciente de); discriminação de estados subjetivos; tatos auto descritivos; identificação de variáveis controladoras do próprio comportamento etc. Além da aprendizagem verbal diretamente relacionada a “quem sou eu” ou a “o que estou sentindo”, outros processos e repertórios, verbais ou não, também podem ser relevantes. Por exemplo: (in) consistência entre regras e autorregras em relação a outras fontes de dados sobre a pessoa (desempenho em várias áreas: acadêmica, social etc); (in) consistência entre regras e autorregras em relação a contingências em vigor, bem como (eventual) insensibilidade a contingências; características e dinâmica familiares; relações arbitrariamente derivadas a partir de formulações verbais etc. A partir dessas considerações, a presente apresentação se propõe a analisar, com base em recortes de casos clínicos, variáveis que podem ser relevantes para um desenvolvimento mais adequado do self — além de recursos para incluí-las na intervenção com a criança ou com a família.

Minicurrículo do proponente

Psicóloga (CRP 08 /0258) pela Cesulon/ Unifil-Londrina (1977) e Fafil/Faculdade de Filosofia Ciências e Letras do Sagrado Coração de Jesus/ Bauru.SP.(1978)
Doutorado em Psicologia Clínica pela Universidade de São Paulo-USP-(1991-1996). Tese – Pesquisa e Intervenção Clínica em Comportamento Delinquente numa Comunidade Pobre. Orientadora – Dra. Edwirges F. M. Silvares.
Mestrado em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas –PUC- (1979-1983). Dissertação- Encoprese: Estudos de Caso e da Intersecção entre a Prática Clínica e de Pesquisa. Orientadora- Dra Anita Liberalesso Neri.
Especialização em Programação de Condições de Ensino na Universidade - UFSCar-SP . Orientador: Dr. Silvio P. Botomé.(1987-1989).
Socia fundadora e psicoterapeuta no o CINP- Centro Integrado de Neuropsiquiatria e Psicologia Comportamental.
Sócia fundadora do Instituto Continuum/ Londrina-Pr. Coordenadora do curso de Formação (on line) e Especialização em Terapias Contextuais, com foco em Terapia de Aceitação e Compromisso/ ACT e Psicoterapia Analítico Funcional/ FAP . Consultora de várias revistas cientificas.

Área

Intervenção Clínica no Consultório

Categoria

Outro

Autores

FÁTIMA CRISTINA DE SOUZA CONTE, JAIDE A. G. REGRA , MIRIAM MARINOTTI