Dados do Trabalho
Título
RESULTADOS DE TREINAMENTOS DE PAIS DE CRIANÇAS COM TEA VIA TELEHEALTH DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19
Resumo geral
O presente simpósio tem por objetivo apresentar os resultados das intervenções de três serviços de Telehealth direcionados às famílias de crianças com autismo e estruturados no início do isolamento social no Brasil em março de 2020 devido à pandemia do novo Coronavírus. Telehealth pode ser definido como o uso da tecnologia de comunicação para auxiliar na educação e tratamento de condições relacionadas à saúde. Tais serviços tiveram como finalidade ensinar os pais ou responsáveis por crianças com autismo a implementarem a intervenção ABA proposta por três clínicas brasileiras. As duas primeiras clínicas localizam-se no Espírito Santo, uma em Vitória e outra em Linhares; e a terceira clínica localiza-se na cidade Cotia no estado de São Paulo. Estudos anteriores indicaram a eficácia do treinamento de aplicadores a distância com diversos objetivos de ensino, a saber: ensino de análise funcional, ensino de comunicação funcional, ensino naturalístico, ensino de estratégias de suporte comportamental incluindo educação positiva, ensino de pacotes de treino abrangentes, entre outros (Ferguson, Craig & Dounavi, 2019). Cada uma das equipes de intervenção apresentará como o ensino de habilidades aos responsáveis pelas crianças foi estruturado e avaliar os resultados obtidos. De modo geral, os trabalhos pretenderam ensinar às famílias treino de habilidades por meio de tentativas discretas, ensino naturalístico e estratégias de redução de comportamentos problema estabelecidas para cada cliente individualmente. As ferramentas de ensino variaram entre uso de plataformas e vídeos para o ensino de princípios analítico comportamentais, videomodelação e estruturação de sistemas de feedback.
Resumo participante 1
O presente trabalho tem como objetivo apresentar resultados obtidos após a estruturação de um serviço de Telehealth para treinar responsáveis de crianças com TEA como aplicadores de tentativas discretas por uma equipe de intervenção em ABA de Vitória-ES. A estruturação desse serviço ocorreu pela necessidade do distanciamento social como medida de prevenção do COVID-19. O serviço foi implementado em 4 etapas. Etapa 1: Treinamento teórico: os pais tiveram acesso a vídeos e folhetos teóricos disponíveis no website da equipe; Etapa 2: Videomodelação: os pais eram solicitados a assistir vídeos de modelos de aplicação de tentativas discretas. Etapa 3: Apresentação do currículo da criança e da folha de registro: os responsáveis tiveram acesso à apresentação do serviço de Telehealth, ao currículo de ensino de habilidades por meio de tentativas discretas e recebiam instruções para uso da folha de registro. Etapa 4: Feedbacks escritos e on-line: Os responsáveis gravaram vídeos com amostras da aplicação de cada um dos programas e recebiam feedback por escrito e on-line indicando condutas a manter e a modificar de acordo com um checklist de componentes de tentativas discretas adaptado de Thiessen et al. (2007) de uma a três vezes por semana. Os resultados demonstram que a aplicação parental supervisionada ocasionou evolução de alvos e programas em 31% (n=245) das supervisões realizadas durante os três meses avaliados; redução de comportamentos disruptivos das crianças a partir de orientações sobre organização de rotina e ensino de análise funcional durante as supervisões; e aumento da frequência dos comportamentos esperados no checklist elaborado para o feedback. Conclui-se que o serviço de Telehealth viabiliza aprendizagem de habilidades das crianças e apropriação por parte das famílias de procedimentos e análises habitualmente feitas pelos supervisores durante as reuniões online.
Resumo participante 2
A telessaúde tem sido empregada há menos vinte anos no tratamento analítico-comportamental do autismo na avaliação, intervenção e no treinamento parental (Blackman, Jimenez-Gomez, e Shvarts, 2020; Tsami, Lerman e Toper-Korkmaz, 2019). Esta apresentação descreve a estruturação de um serviço de terapia ABA via telessaúde no contexto da pandemia de COVID-19. Após a identificação das diretrizes para situações de emergência e da revisão de literatura, 15 psicólogos foram treinados por meio de uma plataforma de teleconferência (Council of Autism Service Providers, 2020). Paralelamente, foi realizado, junto a 70 famílias, um levantamento sobre o interesse e disponibilidade dos pais para participar de um programa de telessaúde, bem como as prioridades relacionadas aos déficits e excessos comportamentais das crianças. Foram elaborados planos de ensino de habilidades para oito domínios e uma biblioteca virtual foi organizada com materiais para impressão, imagens, fotos e vídeos demonstrando a realização de tarefas, os quais foram disponibilizados aos pais conforme a necessidade. Inicialmente, 46 famílias confirmaram o interesse e receberam treinamento no plano de suporte individualizado e iniciaram o suporte clínico via telessaúde com duração entre 1 e 5 horas semanais e com o uso de ferramentas síncronas e assíncronas. Inicialmente, foram implementadas 3 metas de ensino de habilidades para cada criança a partir das áreas selecionadas como prioridades pela família. Adicionalmente, protocolos para a redução de problemas de comportamento foram desenvolvidos com base na análise funcional. Com o retorno do atendimento presencial, 28 famílias optaram por permanecer recebendo suporte remoto, sendo 13 exclusivamente online e 15 em suporte híbrido (presencial e online). Discute-se a viabilidade da provisão de tratamento de qualidade utilizando protocolos analíticos-comportamentais via telessaúde com alternativa para provisão de serviços para o tratamento do autismo.
Resumo participante 3
A necessidade de adaptação dos atendimentos a crianças com TEA via telehealth nos últimos meses, fez com que revessemos os modelos de atendimento tradicionais. O presente trabalho tem como objetivo apresentar como se deu a organização das sessões, bem como principais estratégias de treinamento e avaliação de desempenho de pais que passaram a realizar aplicação de programas dentro de um serviço de intervenção ABA em uma clínica na grande São Paulo. O serviço se estruturou em três passos: (1) Avaliação de Contexto, no qual buscou-se compreender as condições de organização da família para a realização das sessões; entre elas considerou-se disponibilidade dos pais para aplicação dos programas, demandas paralelas (outras terapias ou atividades acadêmicas), presença de outros irmãos, demandas emergenciais (2) Apresentação do Plano de Ensino Individualizado com os objetivos, metas e estratégias de intervenção que foi apresentado aos responsáveis durante uma sessão e, em seguida documentada com instruções escritas para que tivessem acesso (3) Treino parental, que consistiu em instrução dos programas bem como níveis de ajuda, esquemas de reforçamento, e manejo de comportamento; vídeo-modelação da habilidade, no qual a terapeuta gravava vídeos da aplicação dos programas e apresentação de feedback (positivo e corretivo) a partir de um checklist de monitoramento de habilidades. Duas modalidades de intervenção aconteceram. Em uma delas, a terapeuta acompanhava a aplicação do programa junto com o responsável via plataforma zoom, registrava e apresentava os feedbacks ao vivo. Em outra modalidade, os pais realizavam os programas sem a presença do terapeuta, mandavam trechos da aplicação dos programas e o terapeuta realizava sessões semanais para as devidas orientações.
Palavras Chave
ABA; Autismo; Telehealth; Treinamento de Pais; Pandemia
Minicurrículo do proponente
Mestre em Psicologia do Desenvolvimento pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Pós-Graduanda em ABA: Análise do Comportamento Aplicada ao Autismo, Atrasos do Desenvolvimento Intelectual e de Linguagem pela UFSCAR, diretora da equipe Envolve que atua com autismo e quadros assemelhados, com base em ABA.
População envolvida
Desenvolvimento Atípico
Perfil do público-alvo
Intermediário: Dirigido preferencialmente a profissionais, estudantes ou pesquisadores com domínio prévio dos conhecimentos básicos da área em questão. Devem abordar aspectos conceituais, metodológicos ou tecnológicos bem estabelecidos, apresentando domínio na área.
Área
Transtorno do Espectro do Autismo
Categoria
Prestação de Serviço
Instituições
Caminho - Grupo de Intervenção Comportamental Infantil - São Paulo - Brasil, Casulo - Comportamento & Saúde - Espírito Santo - Brasil, Envolve - Intervenção em ABA - Espírito Santo - Brasil
Autores
Anna Maria de Souza Marques Cunha, Luciano de Sousa Cunha, Paula Barcelos Bullerjhann, Camila Maria Silveira Colodetti, Mylena Pinto Lima, Luciano Carneiro, Meire Andersan Fiorot, Nataly Santos do Nascimento Teixeira, Letícia Barbieri