XXIX Encontro Associação Brasileira de Psicologia e Medicina Comportamental 2020

Dados do Trabalho


Título

Mulher negra e relacionamento abusivo: uma perspectiva analítico comportamental

Resumo

Relacionamentos abusivos (RA) acontecem em todas as raças e classes sociais, configurando um grave problema social e um caso de saúde pública. Sabemos que no RA há etapas de desenvolvimento, que levam ao escalonamento do abuso. A última etapa de um RA é o feminicídio, sendo que 64% das vítimas são mulheres negras. Por esses motivos, faz-se importante destacar as particularidades que envolvem a mulher negra, vítima de relação abusiva. O racismo, enquanto fenômeno estruturante da sociedade, funda diversos estereótipos e implicações para a existência de mulheres negras. Por consequência, elas se tornam as mais vulneráveis socialmente, nos aspectos: físico, financeiro e emocional. O presente trabalho teve por objetivos compreender e discutir os determinantes ontogenéticos e culturais que atuam no RA entre vítima negra e abusador. Realizou-se análise funcional de verbalizações advindas de duas clientes negras; em acompanhamento psicoterapêutico especializado, através da metodologia de atendimento para vítimas de RA da Não Era Amor. A pesquisa bibliográfica apoiou as análises dos conteúdos. Nas verbalizações, era recorrente a dificuldade na identificação de abuso psicológico, falhas graves de memória, relatos de consequências do racismo, alta sensibilidade ao outro, e déficits no repertório de assertividade. Os dados obtidos apontam a presença de contingências comuns aos relacionamentos abusivos; ao mesmo tempo em que mostram contingências específicas de controle do comportamento da vítima negra, principalmente sobre a alteração na percepção de estímulos discriminativos para diferentes tipos de abuso. Identificou-se que as agências de controle social desempenham função punitiva e reforçadora negativa, o que contribui para que a vítima permaneça em isolamento e sob controle do comportamento do abusador. A aplicação de metodologia especializada da Não era Amor e o enfoque da psicologia preta foram de extrema importância para a obtenção dos resultados.

Palavras chave

abuso, mulher negra, psicoterapia, racismo, contingências.

Minicurrículo do proponente

Laís Pereira é psicóloga clínica pela Faculdade Pitágoras, terapeuta especializada no atendimento de vítimas de relacionamento abusivo na NãoErAmor. Formação em Terapia por contingências de reforçamento, pelo ITCR-Campinas.

Perfil do público alvo

Intermediário

População envolvida

Adulto
Casal
Família
Grupo

Área

Intervenção Clínica no Consultório

Instituições

NãoErAmor - Minas Gerais - Brasil

Autores

LAÍS SANTOS PEREIRA, POLLYANNA SILVA ABREU